Mulheres relatam sofrimento com gigantomastia: "Dor que parece rasgar o corpo"

21/3/2024, 8:37 | Foto: Fatima Brandão
Gigantomastia causa um desequilíbrio na coluna e na musculatura dos ombros

"Imagine uma dor tão grande que parece até que o seu corpo está sendo rasgado. A cada passo que dou, sinto minhas costas me jogar para frente". O desabafo é de Sidelânia Santos de Jesus, 42 anos, moradora do bairro Parque Ipê. Seu relato, comovente, ecoa a realidade de milhares de mulheres que sofrem com a gigantomastia, condição em que as mamas assumem um volume excessivo, pesando mais de 4 kg e gerando diversos problemas de saúde.

Na manhã de quarta-feira (20), Sidelânia e outras mulheres se reuniram na biblioteca do Hospital da Mulher para a segunda etapa do Programa Municipal de Tratamento das Gigantomastias (PROTG). "Estou emocionada, não consigo parar de chorar", disse Claudia Ferreira de Oliveira, 50 anos, moradora da Lagoa Grande. "Só em pensar que vou me livrar desse peso que carrego a tantos anos, só tenho gratidão ao doutor César e ao Hospital da Mulher."

De acordo com o coordenador do programa, o cirurgião plástico César Kelly, a gigantomastia causa um desequilíbrio na coluna e na musculatura dos ombros, levando a dores crônicas, artrose, hérnia de disco e até afundamento da região onde passam as alças do sutiã.

"Essas mulheres chegam aqui com dores que, com o tempo, cronificam, aumentando o risco para diversos problemas de saúde. É lamentável a condição física e psicológica em que elas se encontram antes da cirurgia", salientou César. Estudos da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) revelam que 85% das mulheres com gigantomastia são afrodescendentes. O PROTG já beneficiou 300 mulheres no Hospital da Mulher, com 99% de satisfação.

Segundo Gilberte Lucas, presidente da Fundação Hospitalar, as pacientes selecionadas devem manter seus dados atualizados para facilitar a comunicação. "Convidamos 95 mulheres para essa etapa. Após a avaliação da assistente social, solicitaremos exames gratuitos no CMPC ou CMDI. A cirurgia será realizada no Hospital da Mulher, com acompanhamento pós-operatório completo", detalhou Gilberte.

O programa prevê a realização de três cirurgias por mês, oferecendo às pacientes a oportunidade de se livrar do sofrimento e melhorar significativamente sua qualidade de vida.



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