Escola Municipal Quilombola Luiz Pereira dos Santos celebra o Dia Internacional Contra a Discriminação Racial

Na manhã desta sexta-feira (21), a comunidade de Lagoa Grande, localizada no distrito de Maria Quitéria, foi palco de uma celebração especial em alusão ao Dia Internacional contra a Discriminação Racial. A Escola Municipal Quilombola Luiz Pereira dos Santos promoveu uma programação envolvendo atividades artísticas e educativas, com o intuito de reforçar a importância da luta contra o racismo e a valorização da cultura afro-brasileira.
A celebração teve início com a execução do hino quilombola da comunidade de Lagoa Grande, composto pela professora da instituição, Girlene Ferreira, em parceria com Paulo Akenaton. A canção, interpretada pelos alunos, exalta a resistência e a força do povo quilombola, destacando nomes importantes da história dessa comunidade. O hino, além de um momento simbólico, foi uma maneira de fortalecer a identidade e a autoestima dos estudantes, encorajando-os a se orgulharem de suas raízes.
A abertura oficial do evento contou com a presença da professora Adriana Bulos, responsável pelo Departamento de Ensino da Secretaria Municipal de Educação (Seduc), que destacou a importância de ações como essa para combater a discriminação racial e enaltecer a diversidade dentro das escolas.
Os alunos assistiram ao documentário "Caminhos para o Ojó Iwajú: O Dia Seguinte", produzido pelos alunos do 8º ano de 2024. O título, que traduzido do iorubá significa "o dia de amanhã", trouxe relatos dos alunos sobre a expectativa do futuro.
A diretora da escola, Maria Moreira, falou sobre a importância dessa data e da programação realizada na escola. Para ela, as atividades que envolvem o tema da discriminação racial e da valorização da identidade negra começam muito antes dessa data comemorativa, sendo trabalhadas ao longo de todo o ano letivo.
“Aqui, a gente já começa no primeiro dia de aula com uma abordagem que busca mostrar aos nossos alunos que a escola é um ambiente acolhedor, sem espaço para qualquer tipo de discriminação. Trabalhamos com eles a aceitação e o respeito, ensinando que o cabelo não precisa estar preso, que o corpo pode ser livre, e que a beleza da cultura negra é uma herança que deve ser valorizada”, afirmou.
Maria Moreira ressaltou ainda que a educação escolar quilombola não se limita ao espaço físico da escola, mas se estende à comunidade como um todo, refletindo diretamente na formação dos alunos para que se tornem multiplicadores do conhecimento em seus lares e na sociedade.
“A escola não caminha sem a comunidade. O que fazemos aqui repercute lá fora. Por isso, trabalhamos com nossos alunos o reconhecimento da sua ancestralidade, a valorização da história negra, mas também preparamos esses jovens para que possam ocupar todos os espaços da sociedade, sem medo e sem limitações impostas pelo racismo”, completou a diretora.
Um dos momentos mais marcantes da programação foi a interpretação do hino quilombola, que segundo a diretora, nasceu da colaboração entre a professora Girlene Ferreira e o professor de música, em 2023. A letra, que fala de luta, resistência e empoderamento, foi criada para que os alunos se sentissem conectados com a história da comunidade e com a figura do patrono da escola, Luiz Pereira dos Santos. “Esse hino é uma forma de empoderamento. Através da música, nossas crianças aprendem sobre a importância da resistência e sobre como não se permitir abaixar a cabeça diante das adversidades”, explicou a diretora.
Além disso, as atividades artísticas sobre divindades africanas, feitas pelos próprios alunos, foram expostas na escola, oferecendo aos visitantes uma rica demonstração de saberes ancestrais, transmitidos e reinterpretados pelas novas gerações. O evento proporcionou um espaço de reflexão e aprendizado, celebrando não apenas a luta contra a discriminação racial, mas também a rica herança cultural afro-brasileira, que é fundamental para a formação da identidade dos alunos da escola quilombola.