História da Micareta

O primeiro dia da primeira Micareta da “Princesa do Sertão” aconteceu exatamente em dia 27 de março de 1937. O coletor Maneca Ferreira, conhecido como “Maneca da Coletoria”, e o professor Antônio Garcia foram os criadores. Além deles dois, participavam da comissão organizador da festa João Bojô (artista), Oscar Marques (comerciante), Deraldo Araújo(cenógrafo), Arlindo Ferreira(tipógrafo), Ezichio Carneiro(comerciante), Lindauro Lima(tipógrafo), Artur Sales (poeta) e Olímpio Ramos(comerciante).

Manuel da Costa Ferreira, o Maneca Ferreira era criador dos carros alegóricos e ficou inconformado com o cancelamento do Carnaval, em razão das chuvas na cidade, resolvendo então propor a mudança da data da festa, o que foi plenamente aceito.

Os carros alegóricos tinham uma participação marcante, na mesma proporção dos trios-elétricos das micaretas a partir da década de 50, nas festas momescas feirenses. Maneca Ferreira contava com a parceria de João Bojô e do trabalhador braçal Rosalvo França na confecção deles.

A festa foi iniciada, na verdade, com o nome francês de Micareme, copiado de uma festa popular francesa, mas terminou sendo substituído por Micareta, escolhido em um concurso realizado especialmente para dar uma nova denominação à folia fora de época.

O chamado sítio da festa foi formado pelas ruas Conselheiro Franco, também na época conhecida como rua Direita, e Tertuliano Carneiro, que começa na praça Dr. Remédios Monteiro e termina na praça Fróes da Mota.

Mas, além das duas ruas, a folia também se estendia pelas praças da Bandeira e João Pedreira, onde fica o Mercado de Arte Popular.

A Rainha da primeira Micareta que foi a foliã Eunira Boaventura. A escolha da majestade e das princesas aconteceu em clima de euforia e alegria que lembrou os concursos de Miss. O rei Momo, a princípio, era o do carnaval de Salvador. Somente em 1975 aconteceu o primeiro concurso para eleger um feirense, Hilquias Carvalho, para reinar durante a folia.

A Micareta na rua era animada por grupos folclóricos e bandinhas como Filhos do Sol, As Melindrosas, Zé Pereira, Cruz Vermelha, Flor do Carnaval, entre outros. Havia também os foliões que desfilavam sozinhos, com suas fantasias ou mascarados.

Aconteciam ainda os bailes nos tradicionais clubes da cidade e nas sedes das filarmônicas feirenses, sendo as principais a 25 de Março e Vitória.

Em 1954, a Micareta de Feira de Santana passou por uma revolução: houve a primeira participação de um trio elétrico, o Patury, criado por Péricles Soledade em parceria com José Urbano Cerqueira, um fabricante de instrumentos da época, com a participação também do industrial Joaquim Bacelar, fabricante da aguardente de cana Patury.

O Patury fez tanto sucesso que nos anos seguintes essa grande invenção dos carnavais baianos foi definitivamente incorporada à folia feirense. Outros trios de Salvador vieram para Feira de Santana, a exemplo do Tapajós, Jacaré e Ypiranga.

Mais tarde, a partir das décadas de 60 e 70, o circuito da festa foi sendo transferido para a avenida Senhor dos Passos, mais ainda assim englobava as praças da Bandeira e João Pedreira. A rua Conselheiro Franco virou o palco para o desfile de escolas de samba.

Em seguida, a festa passou a ser feita na avenida Getúlio Vargas, pois os trios cada vez mais aumentavam de tamanho e, no ano 2000, foi criado o circuito Maneca Ferreira, na avenida Presidente Dutra, onde a folia acontece até hoje.

Em 2002, a Micareta ganhou dois novos espaços, além do circuito Maneca Ferreira: o Quilombola, num trecho da avenida João Durval Carneiro, para o desfile de blocos afros, e o Charles Albert, nobairro da Kalilândia, para bailes infantis e destinados à melhor idade.

Ao longo desses 79 anos, a Micareta de Feira de Santana só não aconteceu em duas ocasiões: a primeira durante a Segunda Guerra Mundial, da qual alguns soldados feirenses também participaram, e a outra em 1964, em razão do Golpe de Estado.