Encontro de gerações, samba no pé e brincadeira: EJA celebra o Dia B do Brincar com muita emoção e cultura

28/5/2025, 8:38 | Foto: Raylle Ketlly
Terceiro turno de atividades movimentou adultos e idosos

A noite desta terça-feira (27) foi marcada por um encontro pra lá de especial, que misturou gingado, cultura e muita emoção. Estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA) se reuniram na Secretaria Municipal de Educação (Seduc) para celebrar a culminância do Dia B do Brincar, ao som contagiante do samba de roda — e quem viu, garante: não ficou ninguém parado.

O palco desse espetáculo de integração foi abrilhantado pelo estudante Joerlan de Jesus, de apenas 20 anos, que cursa o 6° ano na Escola Municipal Otaviano Ferreira Campos. Com o mesmo entusiasmo, mas carregando uma bagagem de vida bem maior, o aposentado Basílio Gonçalves de Carvalho, de 69 anos, atualmente no 3° ano da Escola Municipal Ernestina Carneiro, também entrou na roda. E dá-lhe samba no pé.

A programação seguiu vibrante, com aula de maculelê e samba de roda, o que fez todos se movimentarem com alegria, reforçando o espírito lúdico da noite.

Basílio conta como começou sua trajetória com os estudos. “Fiquei viúvo e, pra não ficar em casa pensando besteira, minha nora que é professora me incentivou a voltar a estudar. E aqui estou eu. Passei muito tempo cuidando da família e, depois que os filhos cresceram, decidi retomar os estudos. Nunca tive oportunidade, mas agora tô chegando devagarzinho”, relata emocionado.

Do outro lado da roda, Joerlan, que passa os dias como ajudante de pedreiro e a noite como estudante, revelou que está determinado a mudar sua história.

“Fui deixando, me envolvendo com a galera do fundão, na bagunça. Acabou que meus colegas foram passando de ano e eu fiquei pra trás. Então tô me dedicando pra passar, já estou correto nos estudos”, contou elogiando as atividades.

Após o samba e o maculelê, os estudantes seguiram para o auditório principal, onde assistiram à peça teatral "Somos todos José", encenada por Manuel Matias. O espetáculo emocionou a plateia ao retratar a rotina de quem vive na roça, entre sonhos e desilusões.

Para Marly Araújo, coordenadora da EJA, o evento simboliza muito mais do que uma simples confraternização.

“O brincar é um direito, tanto das crianças quanto dos adultos. A gente cresce e perde esse encantamento com a brincadeira. Nossos estudantes, que vão dos 15 aos 85 anos, precisam ser validados em suas crenças, costumes e cultura. A brincadeira faz a vida ficar mais leve”, destacou.

Marly ainda ressaltou a importância de criar espaços de acolhimento e alegria para um público que, muitas vezes, não teve a chance de brincar na infância, pois começou a trabalhar cedo.

“Eles precisam trabalhar, sustentar, mesmo os aposentados ainda cuidam da família, dos netos. Então, todo momento lúdico que promovemos na escola fortalece a autoestima e faz com que permaneçam na escola. É lá que eles encontram espaço para sonhar, trocar informações, serem ouvidos. Muitas vezes, veem o professor como aquele psicólogo que não têm, alguém que escuta, que dá carinho", relata.

E para fechar a noite com chave de ouro, ninguém ficou parado ao som de Ian Guimarães e Gabi Moraes, que colocaram todo mundo para dançar ao som do arrocha, embalando esse encontro que celebrou a educação, a cultura e o direito de sonhar brincando.



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