O que houve com as angélicas? desapareceram?
Onde estarão as angélicas? Pode parecer uma frase poética em referência às mulheres assim batizadas, que são muitas, mas a pergunta está relacionada à angélica, uma planta da família das apiáceas, que se popularizou pelo magnífico aroma, atribuindo-se a ela também propriedades medicinais. Há outra angélica, da família das umbelíferas, de origem europeia, que se adaptou bem ao solo brasileiro. Mas as angélicas já não são vistas, tampouco é sentido o seu inebriante perfume.
Décadas atrás, essa espécie de flor estava presente em decorações, em eventos festivos, nas residências, embelezando e encantando com o seu perfume, decorando igrejas e, paradoxalmente, cemitérios, nos atos de despedida. Por que, então, as angélicas desapareceram do cenário local?.
“Nós plantávamos muito as angélicas. Aliás, esse costume é antigo. Começou com minha avó Maria Rita, depois meu pai, Silvano Silva, lá em Ipuaçu. Eles traziam para vender aqui em Feira, juntamente com feijão, milho, batata e produtos da roça, e a demanda era enorme”, relata Simone Silva, presidente da Associação dos Floristas de Feira de Santana, lembrando que, nos finais de semana, na arrumação das casas, a presença da angélica era indispensável, espargindo seu perfume à distância.
Em Galhardo, Caroá, Capim e outras comunidades do distrito de Ipuaçu, região da Estrada do Feijão, o cultivo era comum entre os ruralistas, mas nos últimos anos esse cenário desapareceu. Embora haja outras flores em evidência, ela não atribui o desaparecimento das angélicas a um modismo. “Na verdade, isso aconteceu a partir da vinda de flores de São Paulo, há umas três décadas, abastecendo o mercado local. Mas já tentamos reativar o cultivo da angélica, até porque o nosso preço era melhor. Todavia, o resultado não foi satisfatório. Não sei se a terra já não atende a esse tipo de cultivo”, observa Simone.
Acrescenta que, aqui na cidade, em uma área disponibilizada pela Prefeitura Municipal e pela Coelba, foram feitos plantios sem sucesso. As poucas angélicas que ainda aparecem na feira das flores, segundo Simone, vêm de Santo Antônio de Jesus. “Ainda há demanda”, garante, “embora as rosas - amarela, vermelha e branca - sejam hoje preferidas pelas donas de casa, assim como os lírios, margaridas, cravos e as folhagens. As rosas vêm de Maracás. Um arranjo incluindo rosas, murta e egípcias custa R$ 50. Três ramos de angélica custam R$ 10, mas essa flor, dificilmente encontrada, já não tem o mesmo perfume agradável e intenso, o que ela reconhece".
Conforme Simone Silva, presidente da Associação dos Floristas, os boxes localizados na Rua Olímpio Vital (para alguns, extensão da Av. Getúlio Vargas) funcionam diariamente, até mesmo nos domingos e feriados. A exceção é o dia 1º de janeiro. “A venda de flores, ou a feira das flores, começou há muito tempo, mais de 40 anos, na Rua Marechal Deodoro, no passeio do Bamerindus. Depois, foi deslocada para uma área em frente ao Mercado de Arte Popular (MAP) e, no governo José Falcão, no final da década de 1990, para o local atual”, rememora.
São 16 boxes especializados no ramo, mobilizando de forma direta mais de 30 trabalhadores, já que são dois em cada espaço. Há também o serviço de entrega via telefone 98826-7431. Simone conclui destacando o apoio que recebe da Prefeitura Municipal: “Qualquer coisa, corremos pra lá, e somos sempre muito bem atendidos".
Por: Zadir Marques Porto