Formação discute abordagens específicas para a Educação do Campo

14/11/2019, 15:52h | Foto: Tarcilo Santana

Entre o momento da preparação da terra e o da colheita daquilo que foi plantado há muito mais do que se imagina; há História, Geografia, Ciência. Em outras palavras: há muito conhecimento. E trazer abordagens que proponham caminhos semelhantes a esse para as salas de aula das escolas da zona rural é uma forma de tornar a educação mais ampla, mais democrática, pois estes são assuntos que fazem parte do dia a dia daqueles estudantes. Isto antecipa a associação de elementos e facilita a sua compreensão.

Esse exemplo específico foi trazido pela professora Magnólia Pereira esta quarta-feira, 13, durante o primeiro encontro com gestores e coordenadores da Educação do Campo da Rede Municipal de Educação. O evento promovido pelo Governo do prefeito Colbert Martins Filho aconteceu no Centro de Convivência para Idosos Dona Zazinha Cerqueira e teve como tema central a “Educação do Campo em Feira de Santana: conhecimento, identidade e pertença”.

Magnólia Pereira coordenou a construção do caderno de Educação do Campo da Proposta Curricular de Ensino Fundamental de Feira de Santana. A Proposta Curricular já está disponível em plataforma on-line para os professores da Rede Municipal desde seu lançamento, no primeiro semestre deste ano, entretanto, esta foi a primeira discussão entre os docentes e a Secretaria de Educação.

Cultura camponesa é diversa

Além de discutir sua implantação, o encontro também debateu a configuração dos Projetos Político-Pedagógicos dessas unidades de ensino com foco nas especificidades do campo.

“Como entender o processo de preparação da terra até a hora da colheita?”, perguntou em sua palestra. “Quanto de Ciência tem ali? Ou até de Língua Portuguesa? É um processo feito por um coletivo de pessoas, e elas contam histórias ali, cantam... Tudo é possível”, complementa.

Ela pontua que a cultura camponesa é diversa; marcada por angústias, identidades e relações de pertencimento que precisam ser transformadas didaticamente para ampliar a educação oferecida a essas crianças e jovens. E exemplifica: “como uma criança de 10 anos não entende o que a outra, de 6, entende?’ Infâncias diferentes.  A juventude do campo não vivencia as mesmas coisas que a da cidade. É preciso mudar a proposição pedagógica”, sinaliza.

A formação continuada específica para professores da Educação do Campo é uma demanda da docência municipal, inclusive relembrada por Magnólia em sua fala. Kleber Pereira de Souza, professor do curso de Educação do Campo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia e palestrante durante o encontro, se pôs à disposição para ajudar na construção dessa capacitação.

“Nós, da UFRB, temos alguns projetos de extensão que vêm sendo desenvolvido nessas escolas. Quando eu recebi esse convite para falar aqui, eu coloquei que uma apresentação inicial da perspectiva da Educação do Campo no cenário atual não pode ficar fechada em uma fala pontual. Se apontamos que é necessária uma ação mais orgânica para garantir mais dignidade aos povos do campo, precisamos focar nessa parceria”, afirma.