Obras de Tarsila do Amaral ganham traços leves e diversidade na releitura das crianças do CMEI Paulino Martins

25/9/2019, 11:22h | Foto: Direção da Escola

O pátio do Centro Municipal de Educação Infantil Paulino Martins dos Santos, do distrito de Maria Quitéria, se transformou em um rico espaço de produções artísticas na última sexta-feira, 20. Em uma exposição aberta à comunidade, foram apresentadas as obras assinadas pelas crianças de 3, 4 e 5 anos, durante o segundo trimestre letivo a partir do projeto “Manacá: fazendo arte com Tarsila do Amaral”.

A partir do projeto, os alunos fizeram releituras de grandes obras da artista em diversos formatos – instalações, artesanato, pintura, desenho, colagem, etc. Toda semana, eles exploravam um subtema e telas planejadas pelos professores a fim de conhecer todo o trabalho de Tarsila - sempre dando preferência às obras que ofereciam maior possibilidade de compreensão para a Educação Infantil.

O objetivo geral do Projeto “Manacá: fazendo arte com Tarsila do Amaral” é desenvolver nas crianças a linguagem oral, escrita e artística para possibilitar a representação do mundo real e do imaginário infantil. Tarsila foi a escolhida por ser considerada uma grande artista brasileira, de influência e repercussão internacional.

Os alunos do Grupo 4 – ou seja, de quatro anos – fizeram, por exemplo, releituras de duas grandes obras da artista: Carnaval em Madureira e Operários. No caso da primeira, a festa carioca foi substituída pela tradicional Micareta feirense realizada no bairro Tomba. O segundo, que traz rostos de vários operários negros em frente a um prédio industrial, foi substituído pelas faces dos próprios alunos, com sua unidade de ensino ao fundo.

“A partir de Operários, pudemos traçar paralelos entre as relações de trabalho e pensar qual a relação da criança com a escola; como elas se veem enquanto estudantes. Foi interessante também para eles compreenderem o Dia do Estudante, que foi um subtema dentro do projeto”, explica a coordenadora pedagógica do CMEI Paulino Martins, Iza Franco.

Cores, texturas e formas diferentes

Já a obra Cuca ganhou um tratamento diferente. Como a imagem causava medo nas crianças, elas foram instruídas a repensarem-na de uma forma mais harmoniosa, de modo que afastassem ou diminuíssem o medo que sentiam.

“A ideia era dar cores, texturas e formas diferentes a essa Cuca para que ela deixasse de amedrontar. Para que as crianças entendam que o medo existe, faz parte da vida, é um elemento a ser trabalhado também na escola, e a arte está aí para nos auxiliar nessas relações sociais com o desconhecido – o que dá alegria e medo também”, complementa Iza.

Para a coordenadora pedagógica, é fundamental estudar e conhecer a história da artista. “Ela tem tanto a falar sobre o nosso país. Seu trabalho retrata a realidade com elementos de fácil compreensão para as crianças pequenas, então isso também justifica sua escolha”, explica Iza.

Uma oficina de sentidos marcou o lançamento do projeto – um ambiente planejado e modificado com materiais diversos para exploração de cheiros, cores, sabores, imagens, texturas e sons. Sua meta foi proporcionar aos alunos experiências que lhes permitissem exercitar o uso dos seus sentidos e que também os levassem a fazer novas leituras do mundo, numa perspectiva artística.