Adolescentes da Escola Jonathas Telles de Carvalho debatem preconceitos, conflitos e gentileza

3/12/2018, 11:1h | Foto: Andreyse Porto

Bullying, racismo e principalmente as variadas formas de expressão da gentileza foram amplamente debatidos pelos estudantes do Ensino Fundamental II da Escola Municipal Comendador Jonathas Telles de Carvalho, do bairro Conceição II, até esta sexta-feira, 30. Os assuntos, evocados majoritariamente pelos próprios estudantes, ganharam destaque durante o Fórum de Adolescentes promovido pela escola e que chega este ano à sua oitava edição. O tema central do evento foi “Meu Adolescer e Gentilezas”.

O fórum acontece na unidade de ensino desde 2005 e se transformou num espaço de debates, que busca dar ênfase ao protagonismo juvenil, abordando temas que contemplam os conflitos e realidades do universo adolescente. Já recebeu o prêmio Escola Solidária do Ministério da Educação e da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação – Undime, em duas ocasiões – na quarta e quinta edições.

Hoje repreendo qualquer tipo de preconceito, diz Kauanne

Kauanne Correia, de 15 anos, aluna do 8º ano, conta que sofria com as brincadeiras maldosas feitas por uma prima que usava principalmente apelidos pejorativos; ela conta que compensava o sofrimento fazendo o mesmo com os colegas da escola. “Fazia isso com eles até que percebi como doía. Hoje eu repreendo qualquer tipo de preconceito que eu veja. É quase uma palestra o que eu faço, porque tomo todo o tempo da pessoa”, explica, sorridente.

Na visão da estudante, há uma luta que precisa ser travada contra todos os tipos de preconceito e que o Fórum de Adolescentes cumpre esse papel de enfrentamento. Estes temas foram, inclusive, abordados na apresentação teatral protagonizada por sua equipe no turno matutino. Nada menos que dez equipes apresentaram temas variados.

Combate ao preconceito, inclusive dentro de casa

Cassiane Souza da Silva, de 16 anos e aluna do 9º, destacou a importância das oficinas preparatórias que os alunos participam desde o início do ano, aos sábados, uma vez escolhido o tema geral do evento. Ela conta que também adotou o comportamento de combate, inclusive dentro de casa. “Meu avô é negro e diz que não gosta de negros. Eu começo a questionar: ‘mas, vô, o senhor é negro. O senhor tem que gostar!’”.

As duas encerram suas falas com uma espécie de “máxima conjunta”: “o certo é você respeitar o que a pessoa é, o que ela aceita. É isso aí”, destacam.

Adolescentes empoderados escolhem temas

Frank Everson Nascimento (foto), estudante de Teologia pela Faculdade Católica de Feira de Santana, foi um dos palestrantes do evento. Apesar da graduação voltada para a religião, ele conta que preferiu não tratar diretamente do assunto. “Precisamos entender o adolescente dentro de todas as suas peculiaridades. Neste aspecto, é melhor utilizar uma abordagem mais aberta por que a realidade dos alunos é desconhecida e, assim, podemos atingir um número maior de jovens; ninguém se fecha”, explicou.

Os temas explorados nos fóruns ao longo destes anos foram sempre decididos através de pesquisa feita com os alunos. Racismo, respeito e afetividade, bullying, questões de gênero, entre outros, foram algumas de suas sugestões desde então. O evento envolve sempre os estudantes do Ensino Fundamental II.

Neuman Ribeiro de Brito (foto), professora aposentada e ex-diretora da Escola Jonathas Telles de Carvalho, era a gestora da escola quando o fórum foi criado; fez questão de comparecer à 8ª edição do evento para prestigiá-lo. Hoje ela atua como professora de uma escola da Rede Estadual. “É o meu xodó! Alunos que saem daqui desta escola e fazem o Ensino Médio lá, na outra instituição, nos cobram a realização do fórum. Apesar dessa saída dos estudantes, o evento é capaz de causar mudanças no ambiente escolar de forma geral. E elas são duradouras”, avalia.

O 8º Fórum de Adolescentes foi iniciado na última quarta-feira, 28. O encerramento aconteceu na sexta-feira, com um baile à fantasia.