Professor doutor da USP, que atuou em Feira nos anos 80, retorna a cidade para lançar livro

28/11/2017, 6:28h |

Com fotografias feitas ainda na era da câmara analógica e todo um “trabalho artesanal por detrás”, foi lançado em Feira de Santana o livro “Festa do Bonfim”, do renomado fotógrafo e professor doutor da Universidade de São Paulo (USP), Atílio Avancini. O evento atraiu intelectuais, artistas e pesquisadores ao Museu de Arte Contemporânea, na quarta-feira, 23.

Belas imagens da Festa do Bonfim, tradicional evento de início de ano, em Salvador, em preto e  branco, encantaram o público presente. Conforme o autor, é um trabalho que “busca a cena espontânea, a imagem não posada, saindo portanto do cliché do foto jornalismo”. A imprensa, diz ele, sempre trabalha com “uma coisa muito estereotipada”. Ele acrescenta: “eu diria que é o olhar do artesão, mais do que o artista. A palavra artista tem estado muito gasta nestes tempos”. 

Pós doutor pela Universidade Sorbonne Nouvellle Paris 3, na França, Autor dos livros “Entre Gueixas e Samurais” (Edusp/Imprensa Oficial, 2008) e “Atílio Avancini – coleção artistas da USP n. 15” (Edusp, 2006), Avancini já realizou exposições fotográficas no MIS, MASP e Pinacoteca do Estado de São Paulo. “Fico muito grato porque eu sou professor da USP e os alunos elegeram como um dos livros prediletos deles. Então, isso me deixou muito orgulhoso”.  

“O objetivo desse livro é resgatar a cultura baiana, a essência dessa cultura afro que temos, sendo que o povo é o grande personagem, é um registro ao acaso da fé do povo brasileiro, feito a partir das raízes da Bahia e eu tinha o dever de trazer esse filho de volta ao lar; por isso, foi importante lançar esse trabalho em Salvador e em Feira de Santana”, diz ele.

“Hoje qualquer pessoa faz um livro, qualquer um fotografa”


Câmara digital democratiza a fotografia, mas a torna “muito banal”

O momento não é muito favorável para lançamento de obra literária, afirma Atílio Avancini, “porque hoje qualquer pessoa faz um livro, como qualquer um fotografa”. Mas ele entende que, “em toda obra, o tempo é que vai dar o seu valor, vai julga-la”. Então, assinala: “eu aguardo esse julgamento. Fiz da forma mais inteira e honesta possível”.

A fotografia, com a entrada da câmara digital, se tornou muito democrática, “por outro lado, muito banal”. Essas fotos, ele diz, foram feitas ainda com câmara analógica, quando não existia o digital. “Elas têm todo um trabalho artesanal por detrás, um trabalho que busca a cena espontânea, a imagem não posada, saindo portanto do cliché do foto jornalismo. Imprensa sempre trabalha com uma coisa muito estereotipada.

Autor ministrou cursos de fotografia em Feira, nos anos 80

Atílio Avancini é considerado um artista de grande influência para Feira de Santana. Em sua passagem por esta cidade, na década de 80, ele ministrou cursos de fotografia artística, motivando vários profissionais locais, à época, a investir na carreira. Sobre o seu trabalho lançado aqui, o livro “Festa do Bonfim”, ainda em fotografias produzidas com câmera analógica, ele afirma: “Eu diria que é o olhar do artesão, mais do que o artista. A palavra artista tem estado muito gasta nestes tempos”.