Memorial da Feira

A história da expansão urbana de Feira, em fotos antigas e textos de vários autores

24/1/2020, 15:30h

A história da expansão urbana de Feira de Santana, desde a instalação da Capela de Senhora Santana, na primeira metade do século XIX, até a abertura de novas ruas em meados do século XX, está sendo contada, em linhas gerais, por fotos e textos de diversos autores no Memorial da Feira, portal mantido na internet pela Prefeitura, através da Secretaria de Comunicação Social.

São 125 fotos antigas, algumas datadas da primeira década do século XX, mostrando a formação da cidade tendo como marco zero a Capela de Senhora Santana, e como eixo central as ruas Direita (hoje Conselheiro Franco), a Visconde do Rio Branco (hoje Av. Senhor dos Passos), e entre elas a Rua do Meio (hoje a Marechal Deodoro e a Sales Barbosa). A partir deste núcleo central foram surgindo outras ruas, praças e monumentos arquitetônicos que constituem o centro, hoje totalmente descaracterizado, de Feira de Santana.

Além das fotos, pertencentes a diversos acervos de Feira de Santana, estão sendo publicados 48 textos explicativos ou ilustrativos sobre as imagens mais emblemáticas. São fragmentos extraídos de livros de vários autores, entre eles Eurico Alves Boaventura, Juraci Dórea, Antonio do Lajedinho e Rollie Poppino, considerado, até hoje, o mais importante historiador de Feira de Santana.

Poppino traz detalhes históricos preciosíssimos, ao dizer, por exemplo, que “Depois de 1870, a Câmara fez uma séria tentativa para aprovar leis que forçassem os moradores a adotar um tipo único de arquitetura para os edifícios, ao alinhamento de seus prédios residenciais ou comerciais, a fim de corrigir os defeitos das ruas e a fazer passeios defronte às suas propriedades”. E que “a Câmara empregara todos os meios para forçar os proprietários de terrenos a abrir novas ruas, alargar as mais antigas e ampliar as três praças, da Matriz, do Mercado e do Comércio”.

Eurico Alves Boaventura apresenta textos poéticos, falando sobre os aspectos humanos da Feira antiga, ao mesmo tempo que evoca a necessidade da preservação da memória afetiva da cidade. Juraci Dórea conta a história de monumentos arquitetônicos de estilo eclético da Feira de Santana do início do século XX, e traça breves biografias de personalidades históricas a eles relacionados. E Antonio do Lajedinho conta episódios saborosos, como o do coronel João Mendes da Costa, que impediu sozinho, com um rifle engatilhado, a passagem de uma boiada pela Rua de Aurora, onde morava.

Todas essas histórias são contadas na seção de Fotos da Feira, categoria A Feira Antiga. Outras categorias dessa seção também estão sendo reformuladas com esse formato, com fotos acompanhadas por textos explicativos. O portal Memorial da Feira pode ser acessado na internet no endereço memorialdafeira.ba.gov.br.

 

 

 

 

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Grito da Terra, filme de Olney São Paulo, é exibido no portal Memorial da Feira

17/12/2019, 13:37h

Mais um filme do cineasta Olney São Paulo é exibido no Memorial da Feira, portal mantido na internet pela Prefeitura de Feira de Santana, através da Secretaria de Comunicação Social. Desta vez é Grito da Terra (assista neste link), que trata dos conflitos agrários no sertão do Nordeste. Filmado no distrito de Bonfim de Feira, no ano de 1964, Grito da Terra  conta no elenco com Helena Ignez, na época uma das mais importantes atrizes do cinema brasileiro, que faz o papel da sertaneja Mariá. A música é de Fernando Lona, um dos mais destacados compositores da MPB na década de 1960, autor de várias trilhas musicais para peças de teatro, entre elas Arena conta Zumbi, de Gianfrancesco Guarnieri.

Em 2009, Grito da Terra foi exibido no Oitavo Festival de Cinema e de Arte, em Trieste, Itália. No catálogo oficial do festival consta um artigo de Dimas Oliveira, em que o jornalista feirense diz: “O filme é regionalista, é pleno do universo cultural sertanejo, é Cinema Novo. Telúrico. As imagens de forte brilho em preto e branco (fotografia de Leonardo Bartucci) têm grande beleza plástica. O homem e a terra são personagens - a partir do título está clara a motivação. Com a revisão feita, a constatação que é mesmo sensível e lírico. É uma crônica rural como queria Olney São Paulo, que faz um filme-poema, cinema de força dramática, um depoimento quase documental sobre a vida do sertanejo sem amparo. (...) Ainda hoje, Grito da Terra causa espanto por ter sido realizado e produzido em Feira de Santana, uma cidade do interior da Bahia, do Nordeste. O certo é que é um filme que foi ponta de lança na luta pela liberdade de expressão artística em período de repressão no país.”

Olney São Paulo nasceu em Riachão do Jacuípe em 1936, mas veio com doze anos para Feira de Santana, onde teve sua formação intelectual e produziu seu primeiro filme, Um crime na rua, um curta-metragem de ficção. Também em Feira ele realizou um dos mais importantes documentários de sua carreira, Pinto vem aí, e o também documentário Como nasce uma cidade. Todos esses filmes são exibidos no portal Memorial da Feira, na seção Relíquias da Feira. O portal pode ser acessado na internet, no site memorialdafeira.ba.gov.br.

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Documentário mostra as consequências do golpe militar e do AI-5 em Feira de Santana

13/12/2019, 17:24h

Nesse 13 de dezembro de 2019 completou 51 anos o AI-5, Ato Institucional Número 5, baixado em 1968 pelo regime militar instaurado no Brasil pelo golpe de 1964. O AI-5 determinou o fechamento do Congresso Nacional e a implantação de uma série de medidas restritivas às liberdades políticas e individuais no País, o que resultou na cassação de políticos opositores, e na prisão, morte e desaparecimento de inúmeras pessoas. Aproveitando a oportunidade, o Memorial da Feira, portal mantido na internet pela Prefeitura, através da Secretaria Municipal de Comunicação, publica o documentário Chuvas de Março, realizado em 2002 pelos documentaristas Johny Guimarães e Volney Menezes. (assista neste link)

Com 1 hora e 20 minutos de duração, o documentário mostra os desdobramentos do golpe de 1964 e as consequências do AI-5 em Feira de Santana, com depoimentos de várias pessoas que se opuseram ou apoiaram o movimento dos militares. Entre os opositores, há depoimentos do então prefeito Chico Pinto, deposto da prefeitura logo após o golpe, do professor Luciano Ribeiro, da ex-reitora da Uefs, Iara Cunha, do economista Hosannah Leite, e do sapateiro Torquato de Brito, militante do Partido Comunista Brasileiro, todos presos pelo regime militar. Entre os apoiadores, há depoimentos do advogado Hugo Navarro e do ex-prefeito Joselito Amorim, que sucedeu Chico Pinto no governo municipal.

Os depoimentos mais marcantes, entretanto, são do advogado Celso Pereira e do economista Sinval Galeão. Os dois contam como foram torturados, ainda franzinos adolescentes, por prepostos militares, em uma prensa de fumo, para que revelassem onde estavam as supostas armas reunidas por Chico Pinto para resistir ao golpe. Ao lado de uma dessas prensas, eles mostram em detalhes a tortura que sofreram, sendo colocados, deitados, dentro do equipamento, para serem literalmente prensados como se fazia com os fardos de fumo.

Outro depoimento interessante é do professor e ex-vereador Humberto Mascarenhas, um dos fundadores do Partido Comunista em Feira de Santana. Ele conta que, em busca de um militante de esquerda chamado José Pereira dos Santos, os militares prenderam várias pessoas inocentes com esse mesmo nome aqui em Feira, para tentar descobrir entre eles quem era o procurado, enquanto o verdadeiro Zé Pereira comunista já houvera se evadido para bem longe da cidade.

O documentário Chuvas de Março foi exibido pela primeira vez em 2005, no Clube de Dirigentes Lojistas. Em 2009 participou da 36ª Jornada Internacional de Cinema da Bahia, no teatro do ICBA – Instituto Cultural Brasil-Alemanha, em Salvador. No portal Memorial da Feira, pode ser visto na seção Relíquias da Feira. O portal pode ser acessado na internet, no endereço memorialdafeira.ba.gov.br.

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A Procissão de Senhora Santana, em 1979, é o novo vídeo exibido no Memorial da Feira

10/12/2019, 12:6h

A Procissão de Senhora Santana, no ano de 1979, é mostrada no mais novo vídeo exibido no Memorial da Feira, portal mantido na internet pela Prefeitura, através da Secretaria de Comunicação Social. No vídeo, produzido em Super-8 pelo jornalista Dimas Oliveira, aparece o cortejo saindo da Catedral de Santana, acompanhado pelas filarmônicas Vitória e 25 de Março, e por várias personalidades do mundo religioso, político e social de Feira de Santana. (assista neste link)

Podem ser identificados Monsenhor Renato Galvão, falecido em 1995, o colunista social Oydema Ferreira, um dos organizadores dos festejos religiosos, o promotor de eventos sociais Galdino Neto, mais conhecido como Netinho, o então vice-prefeito José Raimundo de Azevedo (o prefeito, na ocasião, era Colbert Martins da Silva), os vereadores Dival Machado, Hermes Sodré, Aloísio Lima e Nilton Bellas Vieira, o diretor da Surfeira, Alberto Morais, e os secretários municipais Wilson Mascarenhas (Educação) Armando Menezes (Finanças) e Antonio Miranda (Turismo, Recreação e Cultura). O próprio Dimas Oliveira, autor do documentário, aparece no vídeo, que pertence ao acervo de Oydema Ferreira e foi catalogado pela Fundação Senhor dos Passos, no projeto Fragmentos da História de Feira de Santana.

O vídeo sobre a Procissão de Senhora Santana está na seção Relíquias da Feira. O portal Memorial da Feira pode ser visto na internet, no site memorialdafeira.ba.gov.br.

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Presépios de Feira sentem a falta de Crispina dos Santos, a criadora de anjos

6/12/2019, 11:8h

Os presépios de Natal sofreram uma perda irreparável em 2014, ano em que morreu Crispina dos Santos, aos 87 anos, a mais autêntica artesã de Feira de Santana, uma das mais expressivas do País. Durante muitos anos, suas figuras de anjos, bois e burrinhos ajudaram a enfeitar o cenário do nascimento do Menino Jesus em presépios de inúmeras residências da cidade e da zona rural, principalmente entre as pessoas humildes como ela. A artesã é tema do documentário Crispina dos Santos, a criadora de anjos, exibido no Memorial da Feira, portal mantido na internet pela Prefeitura, através da Secretaria de Comunicação Social.  

O vídeo foi produzido com imagens e entrevistas de Crispina feitas pelo artista plástico Juraci Dórea no ano de 1975, no documentário Anjanil, e em 1990, no vídeo artesanal, inédito, que ele fez com a participação do filho Tiago Dórea. A narração de A criadora de anjos é do próprio Juraci, com textos extraídos do artigo O presépio sertanejo de Crispina dos Santos, escrito por ele em 2004 e publicado na revista Légua & Meia, da Universidade Estadual de Feira de Santana. Neste artigo, Juraci diz:

“As figuras de Crispina dos Santos chamam a atenção pela expressividade, pelo colorido vistoso e, também, pelo teor documental, vez que flagram os vários elementos identitários de Feira de Santana. (...) Apesar de ter tentado passar sua experiência para algumas crianças do bairro, ao que parece, ela não vai deixar discípulos. É pena, pois isso significa que está se apagando uma das mais fortes expressões culturais desta nossa desajeitada cidade sertaneja: as figuras de barro para presépios. Já que assim é, registre-se, ao menos, a relevância da contribuição da ceramista para a arte de Feira de Santana.”

Junto a Crispina dos Santos, a criadora de anjos, o portal Memorial da Feira exibe o documentário Anjanil. Trazendo no título um neologismo formado pelas palavras anjo, “figura” preferida por Crispina, e anil, a cor mais usada pela artesã, Anjanil foi produzido em 1975, com direção de Juraci Dórea, montagem de Dimas Oliveira, texto de José Carlos Teixeira e música de Rui Brasileiro. Ganhou o Prêmio Sala Sérgio Porto, de Recife, na IV Jornada Baiana de Curta-Metragem, em 1975.

Além de tema desses documentários, Crispina dos Santos é nome de uma sala no Museu Casa do Sertão, na Uefs, onde há um acervo especial de peças produzidas por ela.

Crispina dos Santos, a criadora de anjos pode ser visto na seção Panoramas da Feira. Anjanil está na seção Relíquias da Feira. O portal pode ser acessado na internet, no endereço memorialdafeira.ba.gov.br .

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